sexta-feira, 23 de julho de 2021

A organização da vida acadêmica na pós-graduação

 

         


Elaine de Farias Giffoni de Carvalho


Os estudantes ao ingressarem no Ensino Superior enfrentam muitas dificuldades principalmente em relação à fase de adaptação à Instituição e ao rendimento acadêmico. Isso se perpetua na pós-graduação, seja mestrado ou doutorado, pois muitos destes estudantes apresentam déficit relacionado ao letramento acadêmico, à escrita científica, além de não conseguir administrar o tempo de estudo necessário a fim de obter um rendimento satisfatório.

De acordo com Costa e Nebel (2018, p. 1), “o ambiente da pós-graduação é altamente desafiador. As demandas e as cobranças que se apresentam aos estudantes são muito mais intensas, quando comparadas às exigências da graduação”. Entre muitas dessas demandas estão: a produção de artigos em revistas com Qualis, o cumprimento de disciplinas obrigatórias o primeiro ano, o exame de proficiência em língua estrangeira, a participação em eventos, as qualificações das dissertações e teses, além da pesquisa propriamente dita. O cumprimento destas, requer do estudante da pós, uma organização pessoal e profissional, mas a grande questão é: como os estudantes devem proceder para organizar sua vida acadêmica?

O grande educador brasileiro Paulo Freire em 1968, disse que “Estudar é, realmente um trabalho difícil. Exige de quem o faz uma postura crítica sistemática. Exige disciplina intelectual que não se ganha a não ser praticando-a.” A compreensão da leitura ao invés de tentar memorizá-la, de acordo com ele, é essencial nesse processo. Freire (1981, p. 9-10), aponta em seu texto “Considerações sobre o ato de estudar”, algumas posturas que os estudantes devem assumir.

-O estudante deve assumir o papel de sujeito do ato de estudar.

-O ato de estudar é uma atitude frente ao mundo.

-O estudo de um tema específico deve colocar o estudioso a par da bibliografia em questão.

-O ato de estudar depende de uma atitude de humildade face ao saber.

-O ato de estudar significa compreender e criticar.

-Estudar significa assumir “uma misteriosa relação dialógica” com o autor do texto, -cujo mediador é o tema!

-O ato de estudar como reflexão crítica, exige do sujeito uma reflexão sobre o próprio significado de estudar.

 

Além destes aspectos atitudinais e cognitivos, os aspectos físico-emocionais também devem ser trabalhados para que não interfiram nessa organização. Conforme Costa e Nebel (2018), os desafios enfrentados pelos estudantes na pós-graduação, afetam a saúde física e mental deles. Os resultados de suas pesquisas evidenciam que esses estudantes apresentam: distúrbios de sono e insônia, terror noturno, síndrome do pânico, oscilação de humor, amnésia, crise nervosa, TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) e ansiedade.

Dessa forma, compreende-se então que mestrandos e doutorandos precisam estar atentos, pois a sociedade contemporânea digital impõe um ritmo frenético e acelerado de trabalho e estudo que contribui para o adoecimento físico, mental e, diga-se de passagem, social, pois tem isolado cada vez mais o sujeito em seu “mundo virtual”.

Conclui-se que a organização da vida acadêmica nesses tempos tem sido um processo difícil e tortuoso, exigindo dos sujeitos às vezes, muito além daquilo que eles podem dar conta. Determinar o tempo de estudo e a hora de parar e ainda arranjar tempo para a família, lazer e outras atividades é o grande obstáculo a ser superado. Tudo será uma questão de prioridades.

 

Referências

COSTA, Everton Garcia da; NEBEL, Letícia. O quanto vale a dor? Estudo sobre a saúde mental de estudantes de pós-graduação no Brasil. Polis. Revista Latinoamericana, n. 50, 2018. Disponível em < https://journals.openedition.org/polis/15816> Acesso em 22 de jul. 2021.

 

FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade. 5ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1981 Disponível em: http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/otp/livros/acao_cultural_liberdade.pdf. Acesso em 22 de jul. 2021

 

 

 

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