Elaine
de Farias Giffoni de Carvalho
Os estudantes ao ingressarem no Ensino
Superior enfrentam muitas dificuldades principalmente em relação à fase de
adaptação à Instituição e ao rendimento acadêmico. Isso se perpetua na
pós-graduação, seja mestrado ou doutorado, pois muitos destes estudantes
apresentam déficit relacionado ao letramento acadêmico, à escrita científica,
além de não conseguir administrar o tempo de estudo necessário a fim de obter
um rendimento satisfatório.
De acordo com Costa e Nebel (2018, p. 1),
“o ambiente da pós-graduação é altamente desafiador. As demandas e as cobranças
que se apresentam aos estudantes são muito mais intensas, quando comparadas às
exigências da graduação”. Entre muitas dessas demandas estão: a produção de
artigos em revistas com Qualis, o cumprimento de disciplinas
obrigatórias o primeiro ano, o exame de proficiência em língua estrangeira, a
participação em eventos, as qualificações das dissertações e teses, além da
pesquisa propriamente dita. O cumprimento destas,
requer do estudante da pós, uma organização pessoal e profissional, mas a
grande questão é: como os estudantes devem proceder para organizar sua vida
acadêmica?
O grande educador brasileiro
Paulo Freire em 1968, disse que “Estudar é, realmente um trabalho difícil.
Exige de quem o faz uma postura crítica sistemática. Exige disciplina
intelectual que não se ganha a não ser praticando-a.” A compreensão da leitura
ao invés de tentar memorizá-la, de acordo com ele, é essencial nesse processo.
Freire (1981, p. 9-10), aponta em seu texto “Considerações sobre o ato de
estudar”, algumas posturas que os estudantes devem assumir.
-O estudante deve
assumir o papel de sujeito do ato de estudar.
-O ato de estudar é uma
atitude frente ao mundo.
-O estudo de um tema
específico deve colocar o estudioso a par da bibliografia em questão.
-O ato de estudar
depende de uma atitude de humildade face ao saber.
-O ato de estudar
significa compreender e criticar.
-Estudar significa
assumir “uma misteriosa relação dialógica” com o autor do texto, -cujo mediador
é o tema!
-O ato de estudar como
reflexão crítica, exige do sujeito uma reflexão sobre o próprio significado de
estudar.
Além destes aspectos atitudinais
e cognitivos, os aspectos físico-emocionais também devem ser trabalhados para
que não interfiram nessa organização. Conforme Costa e Nebel
(2018), os desafios enfrentados pelos estudantes na pós-graduação, afetam a saúde física e mental deles. Os resultados de suas pesquisas evidenciam que esses estudantes apresentam: distúrbios de sono e insônia, terror noturno, síndrome do pânico, oscilação de
humor, amnésia, crise nervosa, TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) e
ansiedade.
Dessa forma, compreende-se então que
mestrandos e doutorandos precisam estar atentos, pois a sociedade contemporânea
digital impõe um ritmo frenético e acelerado de trabalho e estudo que contribui
para o adoecimento físico, mental e, diga-se de passagem, social, pois tem
isolado cada vez mais o sujeito em seu “mundo virtual”.
Conclui-se que a organização da vida
acadêmica nesses tempos tem sido um processo difícil e tortuoso, exigindo dos
sujeitos às vezes, muito além daquilo que eles podem dar conta. Determinar o
tempo de estudo e a hora de parar e ainda arranjar tempo para a família, lazer
e outras atividades é o grande obstáculo a ser superado. Tudo será uma questão
de prioridades.
Referências
COSTA, Everton Garcia da; NEBEL, Letícia. O quanto vale a
dor? Estudo sobre a saúde mental de estudantes de pós-graduação no
Brasil. Polis. Revista Latinoamericana, n. 50, 2018. Disponível em
< https://journals.openedition.org/polis/15816> Acesso em 22 de jul. 2021.
FREIRE, Paulo.
Ação cultural para a liberdade. 5ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1981
Disponível em: http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/otp/livros/acao_cultural_liberdade.pdf. Acesso em 22 de
jul. 2021
Nenhum comentário:
Postar um comentário